domingo, 21 de outubro de 2012


Técnica de estimulação do cérebro 'reverte' efeitos de Alzheimer

Em dois pacientes, região do cérebro associada à memória foi estimulada com eletricidade e voltou a crescer.

Da BBC

Cientistas canadenses estão trabalhando em uma técnica que talvez possa fazer algo tido como impossível: reverter o Mal de Alzheimer. Até o presente, acreditava-se que o encolhimento do cérebro, a deterioração de suas funções e a perda de memória associados à condição eram irreversíveis.
A equipe da University of Toronto está usando uma técnica conhecida como Estimulação Cerebral Profunda, que envolve a aplicação de eletricidade em certas regiões do cérebro. Em dois pacientes, o processo esperado de deterioração da área do cérebro associada à memória não apenas foi revertido como também voltou a crescer.
As conclusões do estudo foram anunciadas durante uma conferência da Society for Neuroscience em Washington, nos Estados Unidos, em novembro, mas ainda não foram publicadas.
A Estimulação Cerebral Profunda vem sendo usada em milhares de pacientes com Mal de Parkinson e, mais recentemente, Síndrome de Tourette e depressão. No entanto, não se sabe ainda com precisão como a técnica funciona.
O procedimento é feito sob anestesia local. Um exame de ressonância magnética identifica o alvo dentro do cérebro. A cabeça é mantida em uma posição fixa, uma pequena região do cérebro é exposta e eletrodos são posicionados próximo à região do cérebro a ser estimulada.
Os eletrodos são conectados a uma bateria que é implantada sob a pele perto da clavícula. Comentando o novo estudo, o professor John Stein, da University of Oxford, na Inglaterra, disse: "A maioria das pessoas diria que não sabemos por que isso funciona."
A teoria de Stein é que, no Mal de Parkinson, células do cérebro ficam presas em um padrão de descargas elétricas seguidas por silêncios e, depois, novas descargas.
A estimulação contínua e em alta frequência perturbaria esse ritmo, sugere o especialista. Ele admite, no entanto, que "nem todo mundo aceitaria essa descrição".
Mistério
Sabe-se ainda menos sobre que papel a estimulação do cérebro poderia ter sobre o Mal de Alzheimer.
No Mal de Alzheimer, a região do cérebro conhecida como hipocampo é uma das primeiras a encolher. Nela funciona o centro de memória, convertendo memória de curto prazo em memória de longo prazo.
Danos a essa região produzem alguns dos primeiros sintomas do Mal de Alzheimer: perda de memória e desorientação. Nos estágios finais da condição, células morreram ou estão morrendo em todo o cérebro.
O estudo canadense envolveu seis pacientes com a condição. A estimulação foi aplicada ao fórnix, a parte do cérebro que leva mensagens ao hipocampo.
O chefe do estudo, Andres Lozano, disse que o grau esperado de encolhimento do hipocampo em pacientes com Alzheimer é em média 5% ao ano.
Após 12 meses de estimulação, um dos pacientes teve um aumento de 5% e, outro, 8%. "Quão importantes são esses 8%? Imensamente importantes. Nunca vimos o hipocampo crescer em (pacientes com) Alzheimer em nenhuma circunstância", disse Lozano à BBC. "Foi uma descoberta incrível para nós."
"Esta é a primeira vez que se demonstra que a estimulação do cérebro em um ser humano faz crescer uma área do seu cérebro"
Em relação aos sintomas, o especialista disse: 'Um dos pacientes está melhor após um ano de estimulação do que quando começou, então seu alzheimer foi revertido, digamos assim'.
Cedo
Lozano disse que experimentos feitos em animais demonstraram que esse tipo de estimulação pode criar mais células nervosas.
Stein disse estar "muito animado" com os primeiros resultados, mas o fator crítico seria poder demonstrar "se suas memórias melhoraram".
Milhares de pacientes com Mal de Parkinson já foram tratados com Estimulação Cerebral Profunda.
A médica Marie Janson, da entidade beneficente britânica Alzheimer's Research UK, disse que seria significativo se o encolhimento do cérebro pudesse ser revertido. "Se você pudesse retardar o começo do Alzheimer por cinco anos, você cortaria pela metade o número de pessoas afetadas."
Para testar se a técnica está realmente funcionando e se assegurar de que o resultado obtido não foi um simples acaso, a equipe canadense vai fazer uma pesquisa maior. "Uma palavra de cautela é apropriada, isto é apenas o princípio e um número muito pequeno de pacientes está envolvido".
Em abril, os pesquisadores pretendem inscrever cerca de 50 pacientes com grau médio de Alzheimer. Todos terão eletrodos implantados, mas apenas metade terá os aparelhos ligados.
A equipe vai comparar os hipocampos dos dois grupos para verificar se existem diferenças. Eles estão estudando especificamente pacientes com graus leves de Alzheimer porque dos seis pacientes estudados, apenas os dois que tinham sintomas leves melhoraram.
Uma teoria que estão considerando é que após um certo grau de danos, pacientes atingem um ponto a partir do qual não existe retorno.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Aspirina pode moderar deterioração do cérebro em mulheres idosas, diz estudo


 Uma pequena dose diária de aspirina poderia moderar a deterioração do cérebro em mulheres idosas e com risco de sofrer infarto, informou nesta quinta-feira a revista médica "British Medical Journal" (BMJ).


 O estudo, realizado por uma equipe da Universidade de Gotemburgo (Suécia) e liderado pelo neurologista Silke Kern, chegou a essa conclusão após analisar 681 mulheres suecas entre 70 e 92 anos. Praticamente todas as voluntárias tinham mais de 10% de risco de sofrer uma doença cardiovascular ou um infarto e, por isso, tomavam pequenas doses diárias de aspirina para ajudar sua prevenção.


A pesquisa consistiu em uma exaustiva enquete sobre a saúde física e a capacidade cognitiva destas mulheres, sendo que, neste caso, o objetivo dos cientistas era medir aspectos como fluência verbal e velocidade de memorização. Durante os cinco anos que durou o estudo, 129 das mulheres tomaram doses diárias de aspirina, entre 75 e 160 miligramas.


No final deste período, os especialistas comprovaram que o declínio cognitivo era "consideravelmente menor" entre estas mulheres do que entre aquelas que não tomaram a medicação, detalhou hoje a revista britânica em sua versão online.


Segundo os responsáveis pela pesquisa, esse fato se deve à capacidade do ácido acetilsalicílico para reduzir inflamação, um fator que influencia nas doenças cardiovasculares e que também poderia estar implicado na deterioração do cérebro e no declínio cognitivo. Segundo Kern, o mecanismo deste efeito protetor da aspirina ainda não é totalmente compreensível, mas poderia estar ligado a sua capacidade de facilitar a circulação sanguínea no cérebro.
 






quinta-feira, 4 de outubro de 2012


5 FORMAS DE PROTEGER SEU CÉREBRO 


1 FUJA DO ESTRESSE CRÔNICO

As pesquisas da década de 60 desenvolvidas pela equipe do neurocientista Fred Gage com ratos adultos já sugeriam uma possível influência do estilo de vida na saúde dos neurônios. Em animais criados em gaiolas cheias de brinquedos para explorar, observou-se um aumento de novas células nervosas no hipocampo (a área responsável pela capacidade de memorizar e aprender). Enquanto que naqueles ratinhos submetidos a estresse constante, uma condição desfavorável ao aprendizado, essa produção diminuiu significativamente.

"Hoje, já se sabe que as tensões diárias, a angústia e a preocupação antecipada - sensações comuns no dia-a-dia do homem moderno - são capazes de afetar também o cérebro do ser humano. Esse estresse crônico bloqueia a neurogênese no início, impedindo que as células precursoras se multipliquem", explica o neurologista Cícero Galli, da Unifesp.

Vários estudos já comprovaram que, nestas condições, o cérebro só perde neurônios e não os repõe. O próprio médico, que já avaliou mais de 600 portadores de mal de Parkinson desde 2002, foi um dos pesquisadores a demonstrar isso. Em junho do ano passado, durante um congresso sobre a doença na Alemanha, ele apresentou resultados que indicavam o estresse como um dos principais responsáveis pela destruição das células nervosas produtoras da dopamina, matéria química que, entre outras funções, tem papel fundamental na manutenção das atividades motoras. Essa deficiência dificulta os movimentos, provoca rigidez muscular e causa os tremores em quem desenvolve esse distúrbio neurológico crônico e progressivo. "Não há dúvidas de que a tensão emocional está envolvida em 95% dos casos de mal de Parkinson, que são exatamente aqueles que não têm uma causa genética. Sempre descubro um trauma por trás do problema. Uma das minhas pacientes, por exemplo, começou a manifestar os sintomas da doença algumas horas depois de presenciar a morte do marido em um assalto no trânsito", conta o neurologista.

Não é à toa que, de acordo com o médico e especialista Cícero Galli, 40% dos parkinsonianos tiveram ou tem depressão e que, nestes casos, a doença costuma evoluir mais rapidamente.

Além disso, aqueles que são tratados com a ajuda de psicoterapia têm apresentado excelentes resultados. "Os que recebem instruções para relaxar e encarar a vida de forma mais simples e descontraída, em casos mais leves, podem deixar de apresentar os sintomas. Enquanto aqueles que se encontram em estágios finais da enfermidade, há ao menos uma melhora do quadro, com o desaparecimento de problemas urinários, bem como dos pesadelos e dificuldades de raciocínio - comuns nessa fase", explica.

2 INCLUA GEMA DE OVO NO CARDÁPIO
Depois da absolvição pela condenação injusta que o colocava como principal responsável por elevar as taxas de colesterol no sangue, o ovo ganha mais um motivo para ser consagrado como uma opção do bem e, agora, indispensável no prato. O fato é que a gema (e não a clara, é bom lembrar), mais do que qualquer outro alimento, oferece uma grande concentração de colina - uma substância que, agora se sabe, reveste a membrana das células (incluindo as células nervosas do cérebro) e que não é produzida pelo organismo. "A presença dela é muito importante para a formação de novas células, incluindo as células nervosas cerebrais do adulto. Quanto mais colina no organismo, mais material para a formação da membrana celular", explica o neurologista da Unifesp.

Mas não é só. Ela também forma acetilcolina, um neurotransmissor relacionado às funções de aprendizado e memória, e teria um papel importante na gravidez e no desenvolvimento do cérebro do feto. Os pediatras ainda não recomendam uma suplementação da colina durante a gestação, mas a importância dessa substância para o bebê foi sugerida em 1997, a partir dos resultados de estudos realizados pelo pesquisador Steven Zeisel, da Universidade da Carolina do Norte, dos Estados Unidos, com ratas de laboratório prenhas. "Aquelas que recebiam suplemento de colina durante a gestação estimulavam muito mais o crescimento das células nervosas nos ratinhos.

Quando estes nasciam, eram testados em um labirinto e demonstravam muito mais agilidade para aprender o caminho e encontrar a saída do que aqueles nascidos de ratas que não haviam sido submetidas à suplementação", conta Cícero Galli. A importância dessa e de outras descobertas sobre as funções da colina tem sido tão grande que o governo norte-americano providenciou em 2004 a divulgação de um banco de dados (o USDA Database for the Choline Content of Common Foods) para verificar a presença da substância nos alimentos. Com a ajuda dele, é possível saber por exemplo que a colina também está presente em boas quantidades no fígado de boi e de frango, no gérmen de trigo e na soja. E que cinco gemas de ovo somam 682,4 mg de colina, enquanto só a clara equivale a 1,1 mg e 1 litro de leite a apenas 14 mg da substância. "Vale lembrar que para oferecer todos os benefícios para o cérebro precisaríamos de pelo menos 500 mg de colina por dia, o que pode ser obtido com uma cardápio variado", alerta o neurologista.

3 TOME SOL NA MEDIDA CERTA
Quem, afinal, em uma metrópole como São Paulo, não costuma sair de carro para trabalhar, estacionar no prédio onde fica a empresa, permanecer o dia inteiro trancafiado em um escritório com janelas escuras e anti-ruídos e voltar para casa ao anoitecer sem ver a cara do astro-rei ou perceber se a temperatura lá fora mudou?

É isso mesmo... A vida moderna nos transformou em ratos de esgoto ou de laboratório (como preferir), pelo menos no que diz respeito ao contato saudável com o sol. A conclusão foi do bioquímico Reinhold Vieth, da Universidade de Toronto, no Canadá. Ele avaliou os níveis de vitamina D (que para ser assimilada pelo organismo precisa da ajuda dos raios solares) em animais e comparou aos níveis encontrados no homem moderno. Foi então que percebeu a queda dessa vitamina.

E em que isso prejudica o cérebro? "Além de ser essencial para a formação óssea, ela estimula a produção de NGF (fator de crescimento dos neurônios)", esclarece Cícero Galli. Descrita em 1956, a NGF é uma proteína essencial para a sobrevivência e fortalecimento das células nervosas cerebrais, por ser capaz de enviar sinais contínuos para que um neurônio dirija suas terminações na direção de outro e forme uma sinapse (aproximação entre os neurônios, onde ocorrem várias reações químicas que ainda estão sendo estudadas). Quanto mais numerosas e fortes forem essas conexões (sinapses), menos ocorrências de apoptose e mais eficientes as capacidades cognitivas, como a memória.

Manter a saúde mental é mais fácil do que muita gente imagina. As pesquisas dos últimos 10 anos apontam ser possível, sim, estimular a formação de novos neurônios (o que até 1998 a ciência considerava impossível!) e, conseqüentemente, afastar os riscos de doenças como Parkinson e mal de Alzheimer. Saiba como

4 FIQUE ATENTO AOS ÍNDICES DE TAURINA
Aminoácido de maior concentração nas células do corpo, a taurina tem a função de impedir a formação de coágulos no sangue, diminuir a quantidade de triglicérides (gordura) no sangue, fortalecer o endotélio (a camada de revestimento dos vasos sangüíneos e, agora se sabe, bloquear a apoptose (a morte dos novos neurônios). O problema é que o organismo produz naturalmente esta substância, mas sua quantidade diminui bastante com o passar do tempo. Não é à toa que, segundo o neurologista Cícero Galli, alguns geriatras têm recomendado a seus pacientes com mais de 60 anos fórmulas para repor essa substância no organismo, embora isso ainda seja questionável. "Ainda não se sabe qual o mecanismo que envolve a taurina com a neurogênese, nem mesmo a quantidade necessária para cada pessoa", alerta.

5 EVITE O CONSUMO DE ÁLCOOL
Não é difícil imaginar por que bebidas alcoólicas e outras drogas podem afetar o cérebro. Essas drogas costumam afetar em cheio o Sistema Nervoso Central, provocando uma mudança no comportamento ao serem ingeridas. Quem bebe além da conta, por exemplo, pode ter tonturas, falta de coordenação motora, confusão mental, desorientação e até anestesia momentânea. Já usuários de maconha apresentam alteração nos sentidos (visão, audição, olfato e tato), na cognição (pensamentos, memória e atenção) e até no humor. "As células nervosas cerebrais, apesar de complexas, são extremamente frágeis e sensíveis. E, além de estimular a morte de neurônios, o uso dessas substâncias pode bloquear a formação de novos", afirma o neurologista da Unifesp, Cícero Galli. Vale lembrar que mesmo aqueles que dizem beber socialmente podem estar arriscando a sua saúde mental no futuro. De acordo com o especialista, ainda não se sabe qual a quantidade de álcool, por exemplo, já é capaz de interromper a neurogênese, até porque a sensibilidade do organismo varia de pessoa para pessoa.