quarta-feira, 8 de agosto de 2012


Cientistas argentinos decifram mecanismos para não esquecer


Com a ajuda de computadores, cientistas argentinos decifraram mecanismos associados ao esquecimento que podem servir para desenvolver tratamentos contra a depressão e doenças degenerativas como a doença de Alzheimer, explicou um dos responsáveis pelo estudo.
Os investigadores do Instituto Universitário do Hospital Italiano de Buenos Aires desenvolveram um simulador do hipocampo, região do cérebro capaz de lembrar situações, através de um modelo matemático feito no computador.
O objectivo é desenvolver uma tecnologia que ajude a criar um «chip» que possa ser implantado em pessoas com doenças como a doença de Alzheimer e que active os processos da memória, declarou o médico Pablo Argibay, a cargo do estudo iniciado há seis anos junto com a bioengenheira Victoria Weisz.
«Seria um chip com o potencial de fazer as funções do hipocampo. É uma tecnologia que ainda não está disponível, mas que poderia ajudar pessoas com doenças degenerativas», disse o pesquisador, que também pertence ao Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas da Argentina.
Os cientistas detectaram que quando o hipocampo gera novos neurónios, as memórias adquiridas mais recentemente são melhor retidas e relembradas, enquanto as memórias mais antigas começam a ser difíceis de lembrar, devido a «interferências» produzidas pelos novos neurónios.
Para isso, os especialistas desenvolveram «um monte de fórmulas» que explicam o funcionamento do cérebro e simulam o accionamento do hipocampo, disse Argibay, do Laboratório de Aprendizagem Biológica e Artificial do hospital.
«Há poucas áreas do cérebro que geram novos neurónios. Os neurónios criados no hipocampo ajudam a aceitar a novidade, ou seja, uma lembrança nova fica muito gravada. As pessoas que têm esse processo deteriorado têm lembranças muito antigas, mas perdem-se com o novo», assinalou.
Esta descoberta, explicou o cientista, pode servir também para pessoas com depressão, a quem se costuma administrar remédios que «ajudam a criar novos neurónios, os quais permitem reter novas memórias e, desse modo, deslocar as velhas que são traumáticas».
«O facto de conhecer o funcionamento do hipocampo mediante o simulador estimula o desenvolvimento de teorias sobre como poderia acontecer o esquecimento e como poderíamos intervir sobre o fenómeno», especificou.
O hipocampo, chamado assim por causa da sua forma similar a um cavalo-marinho, é associado à denominada memória episódica, que permite lembrar um evento a partir de algum dos seus componentes, ou seja, quando a partir de uma imagem é possível lembrar uma situação vivida.
A pesquisa baseou-se na neurogénese, descoberta nos anos 80 pelo cientista argentino Fernando Nottebohm, que veio contradizer a hipótese aceite durante décadas de que novos neurónios não podiam ser criados no cérebro adulto.
«Se algumas demências acontecessem como consequência da perda de neurónios, poderíamos recuperar essa capacidade com um tratamento baseado em células estaminais ou substâncias para que o fenómeno aconteça», disse o responsável pela pesquisa, que será publicada na revista Cognition.
Por ora, no laboratório do instituto universitário está a ser construído um robô com a capacidade de simular a função do hipocampo, o que pode abrir caminho para novas descobertas para se evitar o esquecimento.

domingo, 5 de agosto de 2012


Neurocientistas registram atividades cerebrais com diferentes cores
02 de agosto de 2012 09h13Fotos

Segundo os cientistas, a técnica pode ajudar a comunidade científica a descobrir mais sobre atividades cerebrais. Foto: Jeff Lichtman/BBC BrasilSegundo os cientistas, a técnica pode ajudar a comunidade científica a descobrir mais sobre atividades cerebrais
Foto: Jeff Lichtman/BBC Brasil

Para rastrear os caminhos mais longos que interligam diferentes regiões do cérebro, neurocientistas da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, desenvolveram um método genético que registrou atividades do cérebro de ratos transgênicos por meio de cores.
Até 90 tonalidades distintas foram identificadas nas imagens que mostram combinações de apenas três proteínas fluorescentes ativadas nos neurônios dos animais.
O projeto é chamado de "Brainbow", uma mistura de cérebro com arco-íris, devido ao colorido das imagens. Segundo os responsáveis pela pesquisa, a técnica pode ajudar a comunidade científica a descobrir mais sobre atividades cerebrais, além de auxiliar na investigação de doenças do sistema nervoso.