Falta de sono pode provocar perda de neurônios, diz pesquisa
- BBCPesquisa feita em ratos identificou morte de 25% de certas células do cérebro por falta de sono
Em camundongos, a falta prolongada de sono levou à morte de 25% de certas células do cérebro, destaca a pesquisa, publicada na revista científica The Journal of Neuroscience.
Cientistas responsáveis pelo estudo acreditam que se o resultado for semelhante em humanos, seria inútil tentar "compensar" as horas de sono perdidas.
Eles estimam que um dia será possível desenvolver uma droga para proteger o cérebro dos efeitos negativos das noites mal dormidas.
O estudo analisou ratos de laboratório que foram mantidos acordados para replicar a falta de sono tão característica da vida moderna, ora por turnos de trabalho noturnos ou horas demais passadas no escritório.
Análise
Para conduzir a pesquisa, uma equipe de cientistas da Universidade da Escola de Medicina da Pensilvânia estudou certas células do cérebro que mantêm o cérebro alerta.
Dias depois de seguirem um padrão de sono semelhante àquele dos que normalmente trabalham em turnos noturnos - três dias de jornadas noturnas com apenas quatro a cinco horas de sono durante o dia - o camundongos perderam 25% de seus neurônios, em parte do tronco cerebral.
Os pesquisadores dizem que essa é a primeira evidência de que a falta de sono pode levar à morte de células do cérebro.
Segundo uma das responsáveis pela pesquisa, Sigrid Veasey, "nós temos evidência de que a falta de sono pode levar a uma lesão irreversível".
"Isso pode ter acontecido em um animal simples, mas indica que nós precisamos pesquisar melhor esse efeito em humanos".
Ela afirmou que o próximo passo é fazer um exame post-mortem nos cérebros de pessoas que dormiam pouco para buscar indícios de perda de células cerebrais.
A longo prazo, os cientistas acreditam ser possível desenvolver um medicamento para proteger os neurônios, ao estimular a química natural envolvida na recuperação do sono.
Segundo Hugh Piggins, da Universidade de Manchester, o experimento indica o que pode dar errado no cérebro humano a partir do estudo em ratos.
"Os autores traçam paralelos com as pessoas que trabalham em turnos à noite e sugerem como a privação crônica de sono pode afetar negativamente não só a saúde física, mas também mental", disse Piggins.
"Essa hipótese terá de ser, no entanto, testada com mais pesquisas. No entanto, é consistente com muitos relatos médicos sobre a importância dos ciclos de sono para a melhoria do bem estar."
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